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Panorama Laboral 2024
Avanços no mercado de trabalho na América Latina e no Caribe são insuficientes, diz novo relatório da OIT
Apesar de alguns progressos, um novo relatório da OIT destaca que a informalidade no trabalho, as disparidades de gênero e o acesso dos jovens ao emprego formal continuam sendo as principais barreiras para um mercado de trabalho mais equitativo na América Latina e no Caribe.
12 de fevereiro de 2025
LIMA (Notícias da OIT) – O relatório “Panorama Laboral 2024 da América Latina e Caribe”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), destaca que, cinco anos após a pandemia da COVID-19, a região alcançou uma relativa estabilidade nos principais indicadores do trabalho. No entanto, persistem desafios estruturais que afetam principalmente a qualidade do emprego e agravam as disparidades.
O relatório revela que entre 2023 e 2024, a taxa de emprego na região aumentou 0,5 ponto percentual, atingindo 58,9%, enquanto a taxa de desemprego diminuiu de 6,5% para 6,1%. Apesar dessas melhorias no curto prazo, os níveis de participação na força de trabalho e de ocupação permanecem abaixo dos registrados em 2012, o que reflete uma criação insuficiente de empregos nos últimos anos.
“A região recuperou os níveis de emprego anteriores à pandemia, mas o panorama continua preocupante: estamos no mesmo ponto de dez anos atrás. O crescimento econômico está desacelerando e persistem deficiências estruturais na criação de emprego”, explicou Ana Virginia Moreira Gomes, diretora Regional da OIT para América Latina e Caribe.
É hora de promover reformas que nos permitam avançar de forma sustentada e de não ficarmos estagnados.
Ana Virginia Moreira Gomes, diretora Regional da OIT para América Latina e Caribe
Desigualdade de gênero e informalidade persistente
Apesar dos avanços, as disparidades entre homens e mulheres no mercado de trabalho continuam sendo uma grande preocupação. Em 2024, a taxa de participação feminina na força de trabalho era de 52,1%, significativamente abaixo da dos homens (74,3%). Isso implica que menos mulheres estão trabalhando ou procurando um emprego. Além disso, as mulheres ganham em média 20% a menos do que os homens, continuam expostas a maiores taxas de desemprego e a empregos de menor qualidade.
"As disparidades de gênero no emprego continuam sendo um obstáculo fundamental para alcançar a verdadeira igualdade no trabalho na região. Apesar de alguns progressos, a disparidade salarial de gênero e a segregação ocupacional baseada em gênero continuam a limitar as oportunidades para as mulheres", enfatizou Gerson Martinez, especialista Regional em Economia do Trabalho no Escritório Regional da OIT para América Latina e Caribe e principal autor do relatório.
O relatório também aponta que a informalidade continua sendo uma característica predominante do mercado de trabalho na região, com uma taxa em 2024 de 47,6%, ligeiramente menor do que a de 2023 (48,0%). Isso representa um desafio à qualidade do emprego e à inclusão social, porque significa que quase metade dos trabalhadores e das trabalhadoras na América Latina e no Caribe têm contratos precários, rendas instáveis, falta de seguridade social e maior vulnerabilidade econômica. Além disso, mulheres e jovens são maioria das pessoas afetadas.
Enquanto alguns países na região avançaram na transição para a economia formal, em outros o emprego informal ainda compõe uma porcentagem alarmantemente alta do emprego total. Altos níveis de informalidade dificultam a capacidade de atingir condições de trabalho decente.
Emprego juvenil: um desafio chave para o futuro da região
O emprego juvenil emerge como um dos maiores desafios no panorama laboral da América Latina e do Caribe. Apesar de uma ligeira queda na taxa de desemprego juvenil, de 14,5% em 2023 para 13,8% 2024, essa taxa ainda é quase três vezes maior do que a dos adultos. As oportunidades para jovens de 15 a 24 anos continuam limitadas, especialmente em um contexto de alta informalidade e de criação insuficiente de empregos.
O relatório da OIT destaca que a falta de empregos estáveis e remunerados para as pessoas jovens ainda é uma das principais preocupações para o futuro do mercado de trabalho da região. A alta informalidade, a baixa produtividade econômica e os baixos salários seguem limitando as perspectivas de emprego para a juventude.
"É essencial que os países da região desenvolvam políticas que efetivamente integrem de maneira efetiva os jovens ao mercado de trabalho formal. Isso significa promover a educação técnica e profissional, assim como desenvolver sistemas nacionais de cuidados que facilitem o acesso das mulheres, especialmente as mulheres jovens, ao mercado de trabalho. Os países também devem colocar ênfase na criação de mais oportunidades de emprego formal que proporcionem estabilidade e encorajem o desenvolvimento profissional sustentado.”, disse Martinez.
Lacunas urbana e rural
O relatório também destaca lacunas persistentes no mercado de trabalho entre zonas urbanas e rurais. Em 2024, a taxa de emprego em áreas urbanas atingiu 59,1%, superando os níveis anteriores à pandemia de 2019 (58%). Nas áreas rurais, a recuperação ainda não foi suficiente, com uma taxa de emprego de 52,3% em 2024, em comparação com 53,1% em 2019. A lacuna na participação econômica entre áreas urbanas e rurais continua significativa, com as áreas urbanas mantendo uma vantagem de 3,2 pontos percentuais.
Panorama para 2025: Fortalecer a recuperação de empregos e avançar na formalização
Para o ano de 2025, prevê-se que a taxa de desemprego permaneça em um intervalo entre 5,8% e 6,2%, em um contexto de crescimento econômico moderado. “É urgente avançar em direção à justiça social na América Latina e no Caribe e, para isso, é essencial promover políticas baseadas no diálogo social tripartite eficaz, que consolidem os progressos alcançados e promovam um crescimento mais robusto do emprego, colocando especial ênfase na formalização do trabalho.”, concluiu Moreira Gomes.
Contato de imprensa: prensa@ilo.org
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Panorama Laboral 2024 da América Latina e Caribe